24 de mar. de 2011

Policial tira a roupa no meio da rua

Policial tira a roupa no meio da rua



Aconteceu aqui em Joinville (SC), ontem (17), na Rua Isabel Cristina da Fonseca Nascimento, bairro Adhemar Garcia. Crianças e adolescentes brincavam na rua e faziam barulho. Um morador acionou a Polícia Militar. O policial Mário Casprechen veio ao local. Colocou as crianças no muro, como se fosse um paredão, acuou-as, atirou contra elas (mas não acertou). Depois, revoltado com a situação, começou a se queixar de que seu salário não valia o desaforo que ele tinha que aguentar. Em frente a uma câmera, o policial ofereceu a arma a um dos adolescentes e a um dos moradores, disse que eles podiam ficar com ela e com a sua farda, que começou a tirar, na frente de todos.
Analisemos a situação: o policial já havia sido afastado por motivo de estresse anteriormente. Por que voltou à ativa? Acontece muito na profissão de policial, como acontece na profissão de professor, de profissionais serem afastados por motivo de estafa ou estresse, passarem por tratamento, voltarem à junta médica que os avalia como aptos a voltarem a trabalhar - mas muitas vezes não estão aptos ainda.
Tenho uma amiga que disse que os consultórios psiquiátricos estão lotados de pacientes professores e policiais. Há uma série de fatores que contribuem para isso. Um deles é a falta de valorização. Não estou falando de salário (apesar que a valorização salarial também deveria existir). Estou falando do valor que os cidadãos dão a esses profissionais. Todo mundo se acha apto a dar palpite na vida do professor e do policial, acreditando que sabem como tais profissionais deveriam agir. Tanto o professor quanto o policial precisam aturar algumas atitudes de pessoas sem educação, que não os respeita. Pior é que, em matéria de lei, não há muito que se possa fazer para retomar a autoridade que tais profissionais tinham outrora e que já não mais a tem.
Não estou, de forma alguma, querendo defender a atitude do policial. Não importa quanto barulho as crianças estivessem fazendo ou qual atitude tiveram quando o oficial chegou, nada justifica emparedá-las e atirar contra elas. Mas o órgão para o qual o policial trabalha deveria ser responsabilizado, por não ter levado com seriedade o desequilíbrio emocional de seu funcionário. Que a profissão é insalubre, insalutar, isso é notório. Mas muitas vezes a junta médica do estado menospreza e desmerece laudos médicos que afirmam que o profissional deveria se manter afastado por mais um tempo. E o resultado é esse: profissionais agindo sem pensar nas consequências.
Há que se pensar com cuidado no rumo que as coisas estão tomando. Se não, atitudes como a do senhor Casprechen serão cada dia mais comuns, nas ruas, com nossos policiais, e nas escolas, com nossos professores.

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