13 de mar. de 2011

Participar do Carnaval de rua carioca é uma experiência antropológica que serve para sanar dúvidas e reforçar certezas:

1) quem não gosta de muvuca deve ficar em casa
2) o xixi é o aroma oficial da folia
3) a velha piada do homem vestido de mulher ainda tem graça. É divertido e patético observar moçoilos – principalmente os sarados – trajando saia balonê e bustiê apertadinho
4) de que forma agirá o governo durante os megaeventos Copa do Mundo e Olimpíadas?

O Rio de Janeiro transformou-se num caos. Eram 465 os blocos cadastrados e autorizados a desfilarem, o que deixou a cidade com cara de São Paulo em alguns horários.
O incômodo, no entanto, foi relevado graças a duas características da festa: a criatividade no nome dos blocos e a originalidade das fantasias.
Os tradicionais “Concentra Mas Não Sai”, “Cordão da Bola Preta”, “Simpatia É Quase Amor” ou “Cordão do Boitatá” ganharam concorrentes que pelo menos no quesito nome prometem. Alguns blocos tinham relação com o bairro em que se saíam, outros apostaram no trocadilho: “Vai Tomar no Grajaú”, “Já Comi Pior Pagando”, “Eu Choro Curto Mas Rio Comprido”, “É Pequeno Mas Vai Crescer”, “Geriatria e Pediatria”, “Virilha da Minhoca”, “O Pluto É Filho da Pluta”, “Largo do Machado Mas Não Largo do Copo” e “Se Não Quiser Me Dá Me Empresta”.
As personagens que apareceram para se juntar a agremiações com títulos tão inusitados ficaram à altura.
Os foliões mais práticos optaram por fantasias que remetiam ao noticiário. Foi possível cruzar com mineiros chilenos e outras tantas “Cisnes Negros”, mas os que mereceram flashes foram os que botaram a cuca para funcionar e elaboraram vestimentas originais.
Umas das mais divertidas inspirou-se na personagem da propaganda da “Skol” que dança Beto Barbosa de sunga, pochete, paletó e óculos escuros. Sempre que uma dessas aberrações surgia no meio da multidão era inevitável ouvir e cantar o refrão “Adocica, meu amor, adocica…”.
Houve também inúmeros “Freddies Mercury Prateados”, um “Bruno Surfistinha” e um “Aedes Egípcio”.
E que tal um Plaqueiro – aqueles no estilo “Compro Ouro” – oferecendo artigos como “selinho”, “beijo refrescante”, “passada de mão”, “prazer carnal” ou “abraço aconchegante”?
Mas o troféu de mais original dentre os originais vai para um cidadão que vestiu uma caixa de papelão e escreveu com canetão em cada lateral: “Minha Casa, Minha Vida”. Nota dez.
Esse fez Clóvis Bornay se revirar no caixão de tanta inveja.
De minha parte, pretendo fundar o “Levando no Talho”, bloco que vai reunir as vítimas do mau atendimento do “Talho Capixaba”, no Leblon. Já estou aceitando inscrições.

Chama o lobo

Um clássico das festas


O “Aedes Egípcio”


Donzela a caminho do baile


Esse investiu no corpinho


Quando a fome bate

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